Inteligência Artificial, Neurociência e Saúde Mental
Como podemos utilizar estratégias de tecnologia para promoção de saúde mental?
Para responder essa indagação precisamos retroceder no tempo e nos perguntarmos: quem somos nós? Ou: o que nos torna humanos? Essas são duas das principais perguntas que norteiam a filosofia, a psicologia, as ciências da saúde e, inclusive, a Tecnologia da Informação.
Através de que mecanismos podemos perceber que o homem se distingue de outras formas de vida? A principal distinção é o que chamamos de “consciência”, que diz respeito a nossa capacidade de organizar nosso comportamento em relação as necessidades individuais, necessidades do meio no qual estamos inseridos e da organização social. Essa diferenciação nos conduz a possibilidade de termos processos cognitivos orientados e mediados pela linguagem que não estão presentes em outros animais, como a capacidade de atenção, percepção, memória, criação e imaginação.
Categorizar e significar a realidade permite ao homem solucionara problemas em sociedade. Uma das principais características propiciadas pela significação da realidade é a produção cultural. Como seres humanos somos capazes de ampliar nossas realidades construindo ferramentas. Essas ferramentas não são somente artefatos físicos, mas também a linguagem, a matemática, a arte e a condução no cuidado a saúde.
Portanto as tecnologias são produções culturais para que o ser humano possa responder aos desafios que a vida lhe impõe, essa é uma das características mais importantes da capacidade humana. Atualmente, a ciência da saúde tem um novo desafio: utilizar as tecnologias para produção da saúde mental.
Nesse ponto da conversa, devemos avançar para o tema Inteligência Artificial, ou seja, a capacidade de solucionar problemas e ampliar aquilo que o homem já tem. Devemos lembrar que a tecnologia não é substituível ao homem, mas um complemento facilitador das suas habilidades.
Um exemplo que pode ser usado na relação entre Inteligência Artificial e Saúde Mental é a Modelagem Computacional, que permite um monitoramento sobre que tipo de dados e quais os conteúdos postados nas redes sociais chegam a nós, por exemplo, buscando identificar se existem algumas emoções sendo potencializadas nesse momento de contato com o conteúdo visualizado. Com isso, é possível até mesmo, perceber com evidencias alguns transtornos mentais.
Nessa perspectiva, temos a capacidade de diagnósticos de estados mentais, ou seja, a forma como as pessoas estão processando as informações, como estão seus processos cognitivos, de atenção, de memória etc. Existe também a possibilidade de produzir novas habilidades, como exemplo disso podemos pensar na ocupação da Inteligência com jogos virtuais e realidade aumentada no enfrentamento de dificuldades e até mesmo de transtornos mentais.
Outro exemplo, é a interface entre educação e saúde: podemos promover, a partir de jogos digitais, a inserção de problemas morais, promover relações com identificação das emoções ou a possibilidade de estabelecer e/ou identificar padrões de comportamento.
Diante de tudo isso, precisamos ficar atentos para os benefícios, mas também para os prejuízos que os abusos de tecnologias podem trazer para saúde mental. Muitas vezes, a digitalização afasta as pessoas de situações concretas e gera isolamentos, perturbações, ansiedade, angustia etc. Existe também a criação de novos transtornos mentais, como o que acontece com pessoas que possuem todas as relações apenas em ambientes virtuais, isso gera prejuízos em seus relacionamentos reais sejam no trabalho, com a família, estudos etc.
Portanto, ainda há muito a ser produzido e estudado sobre a relação entre Inteligência Artificial, Neurociência e Saúde Mental. Sabemos que ao falar da relação entre o homem e a lógica digital precisamos pensar como a Inteligência Artificial pode produzir efeitos sobre a saúde mental dos seres humanos, principalmente na otimização dessas ferramentas para prevenção e promoção de saúde.
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